sexta-feira, 4 de julho de 2014

"O MODELO DOS MODELOS" E AS RELAÇÕES COM O AEE

“O modelo dos modelos”
Italo Calvino

O texto “O modelos dos modelos”, de Italo Calvino, retrata a preocupação do Senhor Palomar em construir um modelo na mente, perfeito, lógico e geométrico possível. No entanto, aos poucos, ele foi modificando seu ponto de vista, almejando diferentes modelos, possíveis de transformações um nos outros, a fim de que se adaptasse a diferentes realidades. Desse modo, o Senhor Palomar se defrontou com a realidade mal padronizável e não homogeneizável, elaborando os seus “sins”, os seus “nãos”, os seus “mas”.

Relacionando o texto com o AEE, percebe-se que no Atendimento Educacional Especializado, não existe um modelo padrão, perfeito e lógico de atendimento, visto que cada aluno possui sua singularidade, sua habilidade e sua dificuldade. Tenta-se compreender o aluno como um todo, não enxergando somente sua deficiência como obstáculo, nem tampouco perguntando-lhe o que sabe fazer, mas, antes de tudo, busca-se oferecer-lhe todos os recursos e metodologias possíveis para trabalhar suas potencialidades, a fim de que ele supere suas dificuldades, possibilitando-lhe, assim, uma melhor qualidade de vida dentro e fora da escola.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Sugestão de Atividade para Alunos com TGD

TÍTULO

Atividades de Rotinas Matinais de Vida Diária (Comunicação Alternativa)

PÚBLICO A QUE SE DESTINA

Alunos de 7 anos de idade com TGD que apresentam dificuldades nas atividades de vida diária, com o objetivo de ampliar o seu repertório comunicativo, envolvendo habilidades de expressão e compreensão. 

LOCAL DE UTILIZAÇÃO

Sala de Recursos Multifuncionais - SRM 


DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE

Visualização sequenciadas de atividades individuais com ilustrações em sequência de símbolos que representam sua rotina matinal, como: acordar, vestir-se, higiene pessoal, tomar o café da manhã e cuidar dos seus pertences.

A professora poderá utilizar os símbolos, como também usar objetos concretos: relógio, tênis (amarrar cadarço), sandália para calçar, roupas para dobrar e guardar no gaveteiro, cama para arrumar e um boneco de pano para trabalhar como vestir.

Em todo momento, a professora poderá realizar as intervenções que forem surgindo, de acordo com a reação da criança. 



Fonte: http://diariomaedeumautista.blogspot.com.br/2012/09/comunicacao-alternativa.html

domingo, 20 de abril de 2014

SURDOCEGUEIRA E DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA

Segundo Mclnnes (1999), surdocegueira é uma deficiência única que muitos indivíduos com surdocegueira congênita adquirida precocemente possuem deficiência associadas tais como físicas e intelectuais.
Para Mc Innes (1999), as pessoas que têm surdocegueira apresentam dificuldades em observar e imitar comportamento de pessoas que venham a ter contato, ocasionado pelas perdas visuais e auditivas. Com isso, surgem as técnicas “mão-sobre-mão” [Mão sobre mão: a mão do professor é colocada em cima da mão do aluno, de forma a orientar o seu movimento, o professor tem o controle da situação] ou a “mão sob mão” [Mão sob mão: a mão do professor é colocada embaixo da mão do aluno de modo a orientar o seu movimento, mas não a controla, convida a pessoa com deficiência a explorar com segurança], que são importantes estratégias de intervenção que permitem a comunicação com a criança com surdocegueira.
A pessoa com surdocegueira deverá ser estimulada a usar a visão e a audição residuais, como também os outros sentidos remanescentes por meio de informações sensoriais necessários que provoquem sua curiosidade. É fundamental a necessidade de uma pessoa para mediar e trazer informações de maneira integral e coerente.
Os sistemas de comunicação devem ser adquiridos para que a pessoa com surdocegueira responda significativamente ao meio ambiente e o avanço nas estratégias de desenvolvimento levem menos tempo para ocorrer.
O ambiente necessita ser adequadamente organizado e planejado, a fim de possibilitar a interação da pessoa com surdocegueira com outras pessoas e objetos. Isso facilita as pessoas com surdocegueira a realizar antecipações e a realizar suas escolhas.
Segundo a Lei 7.853, de 24 de outubro de 1989, deficiência múltipla é a associação de duas ou mais deficiências primárias (intelectual/visual/auditiva/física) no mesmo indivíduo que acarretam sérias consequência no seu desenvolvimento global e na sua capacidade adaptativa.
Conforme Orelove e Sobsey (2000), os indivíduos com deficiência múltipla apresentam acentuados comprometimentos cognitivo, associados às alterações no domínio motor ou no domínio sensorial (visão ou audição), onde necessita de apoio permanente ou de cuidados de saúde específicos.
As necessidades da pessoa com deficiência múltipla, segundo Nunes (2002), podem ser agrupadas em três etapas:
- Necessidades físicas e médicas da pessoa com deficiência múltipla: as limitações sensoriais, a postura e a mobilidade, as convulsões, controle respiratório e pulmonar, problemas com deglutição e mastigação e saúde mais frágil com pouca resistência física.
- Necessidades emocionais de: afeto, atenção, oportunidade de interagir com o meio e com o outro, desenvolver relações sociais e afetivas, estabelecer uma relação de confiança.
- Necessidades educativas devido a: limitações no acesso ao ambiente, dificuldades em dirigir atenção para estímulos relevantes, dificuldades na interpretação da informação e dificuldades na generalização.
Em relação a abordagem educacional, a pessoa com deficiência múltipla necessita de um ambiente reativo, isto é, que responda as suas iniciativas. Seu tempo de resposta deve ser respeitado e as habilidades de fazer escolhas devem estar dentro de suas atividades programadas. 

domingo, 9 de março de 2014

Educação Escolar de Pessoas com Surdez – AEE em Construção



 A Política Nacional de Educação Especial  na Perspectiva Inclusiva para pessoas com surdez, visa  possibilitar condições favoráveis no ambiente escolar e nas práticas sociais/institucionais. No entanto, vários questionamentos, desafios e propostas, prioritariamente, no ambiente escolar, necessitam ser repensados, a fim de que as práticas de ensino e aprendizagem na escola comum pública e privada possibilitem uma educação promissora para o aluno com surdez.

O entrave da educação das pessoas com surdez não deve permanecer centrado nessa ou naquela língua, deve-se compreender que o fracasso escolar não está focado só nessa questão, mas também nas práticas pedagógicas inadequadas.

As pessoas com surdez, se estimuladas em seus processos perceptivos, linguísticos e cognitivos, serão sujeitos capazes, produtivos e compostos de várias linguagens, com potencialidades para obter e desenvolver não somente os processos visuais gestuais, mas também ler e escrever as línguas em seus entornos, e, se preferir, também falar. Desse modo, pode-se refletir que uma pessoa com surdez não está limitada ao mundo surdo, com uma identidade e cultura surda, mas um ser humano com potencial e habilidades a serem estimuladas e desenvolvidas nos aspectos cognitivos, culturais, sociais e linguísticos.

A aquisição da língua de sinais, realmente, não assegura uma aprendizagem satisfatória. Caso o ambiente em que a pessoa com surdez esteja inserido e, prioritariamente, a escola comum não lhe proporcione condições favoráveis para demonstrar mediações simbólicas entre e meio físico e social, e não exercite ou desafie a capacidade representativa dessas pessoas, certamente comprometerá o desenvolvimento do pensamento, da linguagem e da elaboração de todos os sentidos. Segundo Damázio (2010), mais importante do que se discutir uma língua, as pessoas com surdez necessitam de ambientes educacionais que estimulem, que desafiem e que exercitem a capacidade perceptivo-cognitiva, pois são seres pensantes e que precisam de uma escola que explore suas capacidades em todos os sentidos.

Partindo do pressuposto acima citado, Damázio (2010), afirma que:

“Legitimamos a abordagem bilíngue e aplicamos a obrigatoriedade dos dispositivos legais do Decreto 5.626 de 5 de dezembro de 2005, que determina o direito de uma educação que garanta a formação da pessoa com surdez, em que a Língua Brasileira de Sinais e a Língua Portuguesa, preferencialmente na sua modalidade escrita, constituam línguas de instrução, e que o acesso às duas línguas ocorra de forma simultânea no ambiente escolar, colaborando para o desenvolvimento de todo o processo educativo.”

A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva legitima o AEE PS, objetivando organizar o trabalho complementar para a sala comum, disponibiliza serviços e recursos, visando à autonomia e à independência social, afetiva, cognitiva e linguística da pessoa com surdez na escola e no seu meio social. O AEE PS dispõe de três momentos didático-pedagógicos: Atendimento Educacional Especializado em Libras, Atendimento Educacional Especializado para o ensino da Língua Portuguesa e Atendimento Educacional Especializado de Libras.

Pode-se afirmar que os alunos com surdez necessitam serem inseridos em ambientes que estimulem sua aprendizagem, respeitando suas especificidades, pois são seres humanos produtivos e capazes, como qualquer outra pessoa.